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5. O Grande Gatsby - Textos publicados na Folha

Rio comemora centenário de Fitzgerald

(publicado em 24/09/96)

MARCELO REZENDE
da Reportagem Local

O escritor norte-americano F. Scott Fitzgerald adorava dinheiro, álcool, sua mulher louca, festas, adjetivos e literatura. Quase nessa ordem. Para lembrar o centenário de seu nascimento, acontece no Rio de Janeiro, no Centro Cultural Banco do Brasil, uma mostra de fotos, filmes e debates sobre a conturbada vida do autor de "O Grande Gatsby". Esse é o romance por excelência sobre o desconforto da riqueza, a desilusão sentimental e a frivolidade do amor. O grande chamariz da efeméride (Fitzgerald nasceu em 24 de setembro de 1896 e morreu em 21 de dezembro de 1940) é o lançamento, pela editora José Olympio, da biografia de Fitzgerald escrita pelo americano Jeffrey Meyers. A programação --de hoje até o dia 29-- se inicia com uma mesa-redonda (leia quadro ao lado) sobre os principais temas que marcaram o imaginário do escritor: seu raro talento com as palavras e os anos 20 e 30, conhecidos como "a era do jazz". O evento contará ainda com a exibição em vídeo de sete filmes que têm na obra de Fitzgerald a matriz; entre eles, "O Ídolo de Cristal", de Henry King, e "O Último Magnata", de Elia Kazan, que mostra as mazelas de Hollywood. O livro, um romance inacabado, foi seu último trabalho, um ajuste de contas com o tempo que passou escrevendo roteiros que quase nunca eram filmados. Zelda Segundo Meyers, Francis Scott Fitzgerald foi empurrado em direção à literatura pelo enfado. Não prestava muita atenção às aulas na universidade de Princeton, adorava se exibir, entrou para o exército para ter uma linda farda e não se importava com gramática ou ortografia. Por sustentar esse tipo de opinião, o trabalho de Meyers foi violentamente criticado na América, especialmente pelo romancista John Updike, que combateu em um artigo para a revista "The New Yorker" a maneira como o escritor foi tratado por seu biógrafo. Mas o fato é que o próprio Fitzgerald sempre preferiu a lenda. Escreveu quatro romances (além de "Gatsby", "Desse lado do Paraíso", "Os Belos e Malditos" e "Suave É a Noite) e centenas de contos que o ajudavam a pagar o tratamento de sua mulher, Zelda. Viveu como estrela de cinema sem ter sido um ator. Personificava o milionário apesar de nunca ter o suficiente para o aluguel. Foi o historiador da "geração perdida" --os americanos expatriados na Europa depois da Primeira Guerra Mundial (1914-18)-- e viveu mais rápido que a maioria de seus companheiros. Aliás, adorava também carros e velocidade.

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