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19. O Senhor das Moscas

Leia o texto da contracapa do livro

OSCAR PILAGALLO
colaborador da Folha

Como seria o homem livre das regras sociais que determinam seu cotidiano? Sem as amarras impostas pela vida em sociedade, o que emergiria como a verdadeira essência da natureza humana?

Em O Senhor das Moscas, William Golding lida com essas questões ao criar uma situação-limite. Um avião cai numa ilha deserta e os sobreviventes, um grupo de meninos, organizam-se enquanto aguardam resgate. O paraíso tropical é cenário para um começo promissor.

Ainda conectados aos valores da civilização remota, eles elegem um líder, democraticamente, e enfrentam as dificuldades em negociada harmonia. As nuvens e as noites, porém, provocam visões de um bicho ameaçador que prenunciam o domínio do medo, sob o qual os meninos passam a agir com selvageria. Desfeito o sentido de ordem, a truculência da luta pelo poder deixa um rastro de destruição que termina em caçadas humanas e assassinatos.

Ao abordar a inocência perdida, Golding constrói uma fábula com ecos bíblicos. O "Senhor das Moscas" é Belzebu, o príncipe dos demônios citado por Mateus. A identificação empresta um caráter sombrio à condição do homem: o bom selvagem agora era também uma criança cruel.

Como fábula, o livro tem uma moral, que bem pode ser a defesa, pelo avesso, dos valores cristãos que moldaram a sociedade ocidental. Não é por essa ou outra conclusão, entretanto, que deve ser lido, mas por se tratar de uma ficção que, com o vigor das imagens e a concisão estilística do texto, levou Golding a fincar o pé no panteão dos clássicos da literatura moderna.

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Lançado: 21/12


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