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30. Quase Memória

Carlos Heitor Cony recebe prêmio Machado de Assis

(publicado em 18/07/1996)

RONI LIMA
da sucursal do Rio

O escritor e jornalista Carlos Heitor Cony, colunista da Folha, realiza hoje, em cerimônia na ABL (Academia Brasileira de Letras), um de seus maiores desejos como literato: ganhar um prêmio com o nome de Machado de Assis.

Para Cony, o escritor Machado de Assis (1839-1908) é uma referência maior. Seu primeiro contato com a literatura foi o livro "Quincas Borba".

Machado de Assis é o autor que Cony mais cita em sua coluna na Folha. "Nunca escondi que sempre quis associar meu nome a um prêmio com o nome de Machado de Assis. Isso nasce do profundo amor que tenho pelo autor", afirma.

"Santíssima Trindade"

Ao ler seu discurso de cerca de oito minutos, em meio à cerimônia de premiação que começa hoje, às 17h, na sede da ABL, no centro, Cony fará referência não só a Machado de Assis, mas também a Manuel Antônio de Almeida e Lima Barreto. São os três autores nacionais que, não só pela descrição que fazem de seu amado Rio de Janeiro, mas por suas qualidades literárias, Cony classifica de "a minha Santíssima Trindade".

No final dos anos 50, Cony venceu dois concursos literários com o nome de Manuel Antônio de Almeida (1831-1861), autor de "Memórias de um Sargento de Milícias". Agora, diz que só falta um prêmio Lima Barreto (1881-1922).

Novo Romance

No valor de R$ 20 mil, o prêmio Machado de Assis foi criado há mais de 40 anos, já sendo concedido a escritores do porte de Rachel de Queiroz, Érico Veríssimo e Guimarães Rosa. A obra de Cony já soma cerca de 50 livros --sendo dez romances. O 11º sai daqui a duas semanas, pela Companhia das Letras.

Cony sabe que o prêmio maior da ABL surgiu a partir da badalação em torno de seu best seller "Quase Memória" --colagem de crônicas, reportagens e ficção que gira em torno da figura de seu pai, o jornalista Ernesto Cony Filho.

É uma coincidência que o deixa mais feliz ainda em receber o prêmio Machado de Assis. Mas, apesar da emoção, Cony jura que não deseja se tornar imortal, pois a formalidade da vida acadêmica não lhe despertaria maior interesse.

"Não faz meu gênero", diz Cony, apontando para a calça esportiva e o par de tênis. "Eu sou meio marginal. Faço a minha vida um pouco marginal e a minha literatura, idem."

Também hoje ocorrerá eleição para a vaga deixada pelo poeta Abgar Renault. Concorrem d. Lucas Moreira Neves, cardeal-primaz do Brasil e presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), e os escritores Bonaparte P. Maia, Diógenes Magalhães e Yara Gois. D. Lucas deverá ser eleito.

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