Folha Online
Biblioteca Folha
30. Quase Memória

Romance de Cony vence Prêmio Jabuti

(publicado em 02/05/1998)

FELIPE WERNECK
da Sucursal do Rio

O romance "A Casa do Poeta Trágico", do escritor e jornalista Carlos Heitor Cony, 72, foi escolhido o Livro do Ano do Prêmio Jabuti na categoria ficção. A premiação ocorreu ontem à noite, no Expo Center Norte, dentro da 15ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

Na categoria não-ficção, o premiado foi "Monteiro Lobato - um Furacão na Botocúndia", de Carmen Lucia de Azevedo, Marcia Camargos e Vladimir Sacchetta.

Depois de passar 23 anos sem publicar, Cony, que é membro do Conselho Editorial da Folha, recebeu premiações por três anos consecutivos com os livros "Quase Memória" (Prêmios Jabuti e Machado de Assis), "O Piano e a Orquestra" (Prêmio Nestlé) e, agora, com "A Casa do Poeta Trágico". Seis meses após o lançamento, o livro tem 20 mil exemplares vendidos.

O escritor não pôde comparecer à cerimônia de premiação e foi representado pelo editor da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, que publica a obra.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista com Cony.

Folha - Qual a importância desta premiação?

Carlos Heitor Cony - Eu vivo do que escrevo, e receber prêmios é um estímulo muito importante para a produção literária, principalmente para os iniciantes. Mas não posso reclamar, porque quando comecei a escrever ganhei o Prêmio Manoel Antônio de Almeida, em 1956, por "A Verdade de Cada Dia". Nessa época, uma premiação abria caminhos no círculo literário.

Folha - O que significa para o sr. ter cinco livros premiados?

Cony- A premiação de um livro é como um aditivo na gasolina, você pode aumentar o pique do motor. Mas o combustível é a qualidade do livro, além do retorno crítico e dos leitores. Ninguém escreve para ganhar prêmios, você escreve por uma compulsão interior.

Folha - Qual o momento mais gratificante de sua carreira?

Cony- Minha maior alegria literária foi o relançamento de "O Ventre", meu livro de estréia, 40 anos depois (o livro foi lançado em 28 de abril de 58).

É um livro que passou por duas gerações. Meu editor e o Otavio Frias Filho (diretor de Redação da Folha), que escreveu uma generosa apresentação, são duas pessoas que não estavam nascidas nessa época. Isso significa que o livro tem uma certa permanência, ameaça ficar. É sinal de que eu não estou morto.

Colaborou Bruno Garcez, free-lance para a Folha

Livro da semana

Livro anterior

"Sargento Getúlio"
Lançado: 21/12


Copyright Folha Online. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folha Online.