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2. O Nome da Rosa - Textos publicados na Folha
Produto inova possibilidades de pesquisa
(publicado em 14/04/1995)
FREDRICK THOMASSON
Especial para a Folha, de Roma
Já nos anos 80, o semiólogo (estudioso de qualquer sistema de signos que estabeleçam algum tipo de comunicação) Umberto Eco demonstrava grande interesse pela informática e suas possibilidades no campo da multimídia.
Para realizar seu último romance, "A Ilha do Dia Anterior", Eco pesquisou a história e a filosofia do século 17, o que coincidiu com as pesquisas para a realização do primeiro disco em CD-ROM da "Encyclomedia", até agora disponível apenas na versão italiana.
Naturalmente, Umberto Eco não escreveu as milhares de páginas de texto do CD-ROM. Cerca de 50 pessoas foram envolvidas na realização do produto.
Umberto Eco é o idealizador do sistema e de sua estrutura conceitual de consulta. Ele foi ainda responsável pela aprovação de todos os textos finais.
Sobre os custos, Danco Singer, diretor da divisão de multimídia da Olivetti, afirma que os maiores problemas foram os direitos de utilização das imagens (mais de 2.000 só neste primeiro volume) e os trechos de filmes _estúdios americanos chegaram a pedir entre US$ 3 milhões e 4 milhões por 30 segundos de filme.
A biblioteca
Em seu prefácio, Umberto Eco explica que o disco não pretende substituir o livro, mas sim funcionar como um instrumento que incentive novos estudos.
De fato, o disco é repleto de notas bibliográficas que remetem a muitos livros e fontes diversas. A intenção não é criar novos materiais científicos de pesquisa, mas evidenciar as vantagens da combinação de seus vários aspectos.
As milhares de possibilidades de navegação pela história do século abordado pelo CD-ROM devem ajudar o estudioso a descobrir novas ligações e relações entre os fatos, além do simples desenvolvimento cronológico proposto pelas enciclopédias.
Consulta temática
A primeira imagem que aparece na tela é A Biblioteca. O usuário se encontra em uma sala de leitura onde, com a ajuda do mouse, pode se movimentar em direção às salas especializadas que circundam a sala central.
Existem salas de política, arte, religião, música, literatura, filosofia e outras. A relação entre esta biblioteca e a de "O Nome da Rosa", best seller do próprio Umberto Eco, é imediata.
Um clique com o mouse sobre uma das salas mostra a lista dos livros que ela comporta. Existem cerca de 200 livros na biblioteca, cada um deles com entre 20 e 50 páginas, fotos, desenhos e quadros.
Um clique em um dos livros apresentados no cardápio faz com que a informação nele contida venha para a tela ou gere um novo adendo. No caso do livro sobre o astrônomo Galileo Galilei (1564-1642), um trecho de um filme da diretora italiana Liliana Cavani mostra o processo contra o estudioso.
Se o livro trata de um argumento científico, uma animação mostra o êxito de uma experiência. No caso das pesquisas do físico e químico irlandês Robert Boyle (1627- 1691) sobre gás e pressão, uma voz acompanha e explica as imagens.
Quando o livro é de música, o computador toca um trecho de uma canção, como um madrigal de Monteverdi, em que se podem escutar as várias "vozes" da composição, antes de escutar todo o trecho, com orquestra e cantores.
Os livros sobre arte contêm as obras mais importantes dos mais famosos artistas do século. No livro de Velázquez, por exemplo, é possível admirar o clássico "As Meninas" em toda a tela. As ilustrações são muito bem escolhidas e provêm geralmente do mesmo século.
Consulta cronológica
Uma outra forma de consulta é a que usa uma prancha cronológica. Por meio do menu principal, o usuário tem acesso a uma janela onde escreve, antes de tudo, os anos que lhe interessam, de um século a um período de cinco anos.
Por exemplo: se ele quer saber alguma coisa sobre a Guerra dos 30 Anos, deve escrever 1618-1648. Na área geográfica, escreve "Germania" (Alemanha).
Depois de alguns instantes aparece a prancha com dezenas de pontos que, ano após ano, enumeram os acontecimentos, não apenas da guerra em si, mas também de cultura, política, arte etc. Ao clicar um desses pontos chega-se às fichas, um terceiro instrumento de consulta.
A ficha é composta por um pequeno texto sobre o argumento escolhido (fatos ou personagens), entre os cerca de 10 mil disponíveis.
O texto é curto, entre cinco e dez linhas, mas dá possibilidades de continuar na pesquisa, já que em um pequeno menu são elencadas as remissões onde se encontram informações sobre o mesmo tema.
Se o texto apresenta palavras em destaque, isso indica que, clicando sobre elas, se chega a um outro ponto do disco. Assim é possível andar da ficha à prancha cronológica e à biblioteca ou a uma imagem ou filme, para depois retornar às fichas para continuar a "viagem".
O atlas
Se o usuário quer aprofundar ainda mais sua pesquisa sobre a Guerra dos 30 Anos deve ir ao quarto instrumento de consulta: o atlas. Ele mostra um mapa da Europa, e é possível escolher qualquer região ou ano no século.
Ao escolher a guerra, flechas coloridas indicam os movimentos das tropas, as batalhas e as mudanças das fronteiras. Um narrador acompanha e esclarece o desenvolvimento desses fatos. É possível ainda escolher apenas o ano de 1618 e depois o de 1648 para ver as fronteiras dos países.
Existem ainda outros recursos para a consulta, como o "pesquisador". Com ele é possível escolher uma palavra, um nome ou um ano e assim controlar todo o conteúdo do disco.
A procura pode levar alguns minutos, mas pode valer a pena se o argumento não está definido nos vários instrumentos de pesquisa disponíveis.
Concluída a busca, uma janela se abre com todas as referências da palavra buscada e onde elas se encontram: nos livros, nas fichas ou no atlas. Com um novo clique é possível controlar se as remissões trazem algum ponto de interesse.
Existe ainda um pequeno gravador que memoriza o percurso feito, para o usuário poder voltar para trás em sua exploração.
Tradução de Celso Fioravant
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