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2. O Nome da Rosa - Textos publicados na Folha

Umberto Eco também ataca Berlusconi

(publicado em 09/05/2001)

Da Redação

O escritor italiano Umberto Eco somou-se ontem ao grupo de intelectuais que se posiciona publicamente contra a eventual eleição do candidato da coalizão de centro-direita, Silvio Berlusconi, neste domingo. "Ninguém gostaria de acordar um dia e descobrir que todos os jornais pertencem à mesma pessoa. Nós nos sentiríamos menos livres", escreveu Eco em manifesto veiculado na revista on-line italiana "Golem".

No texto, intitulado "Por quem os sinos dobram?", nome de um romance de Ernest Hemingway, Eco discorre sobre os riscos de ter um só homem controlando os principais meios de comunicação do país, especialmente se ele também for premiê. "A mesma pessoa (Berlusconi) teria como propriedade privada três redes de TV e, graças ao controle político, as outras três (públicas) --as seis maiores redes de TV italianas-- para formar a opinião pública."

Um dos mais importantes intelectuais contemporâneos, o autor de "O Nome da Rosa" vê como inevitáveis o conflito de interesses e o prejuízo à pluralidade de opiniões, que caracteriza a democracia, no caso de Berlusconi --que lidera as pesquisas de intenção de voto-- ser eleito.

Segundo Eco, a maioria do eleitorado de Berlusconi é composta de pessoas sem opinião formada, pouco informadas e muito vulneráveis à cultura televisiva do "espetáculo". O restante votaria por convicção, seja por simpatia com o ideário conservador e xenófobo ao qual Berlusconi está vinculado, seja por interesses isolados.

"Contra a instauração de uma ditadura, contra a ideologia do espetáculo, para salvaguardar a multiplicidade de informações em nosso país, consideramos as próximas eleições como um referendo moral do qual ninguém pode abster-se", termina o texto de Eco, que exorta o eleitorado a não votar em Berlusconi.

Gianfranco Fini, líder da Aliança Nacional, que faz parte da coalizão de Berlusconi, anunciou que apresentará, nos primeiros cem dias de um eventual governo de centro-direita, um projeto de lei para evitar o conflito de interesses entre os negócios do empresário milanês e suas políticas.

Num programa de TV, Berlusconi firmou o que chamou de "contrato com os italianos", no qual se compromete a cumprir as propostas de seu programa. "Esse contrato estabelece que, se eu não cumprir ao menos 4 dessas 5 promessas, não concorrerei às eleições seguintes", afirmou.

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