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13. Angústia - Textos publicados na Folha

Graciliano Ramos iluminou Estado

(publicado em 06/04/1998)

da enviada especial

No melhor estilo "de Alagoas para o mundo", o escritor Graciliano Ramos (1892-1953) é considerado o maior escritor do Estado e também sua personalidade mais reluzente --por luz própria.

O "velho Graça", como era chamado por seus amigos e admiradores, nasceu em Quebrangulo e morou em Palmeira dos Índios, tomando emprestada do sertão a temática da maioria de suas obras.

Mas é difícil dizer se havia mais ódio ou amor nessa relação conflituosa, que, aliás, permeia seus livros ficcionais.

Graciliano Ramos dizia que o Estado devia se transformar numa ilha, devido ao coronelismo desde sempre presente.

"Ele detestava Alagoas", conta Valentim Facioli, professor de literatura brasileira da USP (Universidade de São Paulo) e co-autor do livro "Graciliano Ramos, Antologia e Estudos" (editora Ática, 1987), organizado por José Carlos Garbuglio.

De qualquer forma, segundo Facioli, a paisagem humana e social de Alagoas influenciou, e muito, a literatura do escritor.

Já em sua primeira obra, "Caetés" (1933), há uma metáfora da própria terra, com uma divisão entre o homem "selvagem" e o civilizado, vivida pelo personagem João Valério.

Em "São Bernardo" (1934), um de seus livros mais conhecidos e cuja ação transcorre no sertão, o tema da convivência entre o rural e o urbano ganha novas cores.

Ramos criou um estilo todo pessoal no romance, pontuado pela linguagem árida do sertanejo e da própria paisagem.

Seu caminho literário só seria interrompido, provisoriamente, por Getúlio Vargas, que, em 1936, ordenou a prisão do escritor. Após ser "acusado" de comunista, ele mofou por um ano na penitenciária de ilha Grande.

O período de reclusão gerou "Memórias do Cárcere" (1953, publicação póstuma), relato da vida na prisão, e provocou sua mudança para o Rio de Janeiro, onde morreu.

Logo após deixar ilha Grande, Graciliano Ramos escreveu "Vidas Secas" (1938), considerado sua obra-prima e que, em 1963, rendeu filme homônimo de Nelson Pereira dos Santos.

Conheça outros livros de Graciliano Ramos: "Angústia" (1936), "Histórias de Alexandre" (1944), "Infância" (1945), "Dois Dedos" (1945), "Insônia" (1947), "Linhas Tortas" (1962), "Histórias Agrestes" (1967).

(CA)

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