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25. No Caminho de Swann

Marcel Proust on line

(publicado em 16/11/1997)

Arquivo nos EUA inicia a transcrição para computador de 1.300 cartas do escritor francês, que tem novos livros a seu respeito publicados no Brasil

MARCELO REZENDE
da Reportagem Local

Em 1923, aos 16 anos, Philip Kolb, americano de Chicago, leu pela primeira vez escritos de um romancista francês morto um ano antes. Kolb descobria --nas aulas de uma academia militar-- Marcel Proust e seu ''Em Busca do Tempo Perdido''. Do encontro resultaria o fascínio e um trabalho de meio século: a missão de representar Proust nos EUA.

Kolb foi o idealizador do Kolb-Proust Archive for Research, aberto no outono de 1993 na Universidade de Illinois, o maior acervo sobre o escritor fora da França.

Ligado à Urbana-Champaign Library (a biblioteca universitária), os arquivos pretendem ser ''uma fonte de pesquisa para os estudiosos na obra de Proust na América''.

O acervo conta com fotos, periódicos franceses, documentos e, fundamentalmente, a correspondência de Proust (o principal interesse de Kolb), em um total de 1.300 cartas.

Agora, em razão dos 75 anos da morte de Proust (a serem comemorados na próxima terça-feira), a universidade inicia uma ''coleção proustiana'' acessível por computador.

Kolb chegou a Illinois em 1945. Antes, havia passado um ano na França (1935-1936), onde encontrou madame Mante-Proust, herdeira do escritor, que lhe apresentou a vários amigos e conhecidos do romancista.

Depois de voltar para os Estados Unidos, dedicou-se a uma tese de doutorado em Harvard, tendo como tema a correspondência de Marcel Proust. Ao chegar a Illinois, pretendia ficar um ano. Permaneceu o resto de sua vida.

''Meu pai'', disse Katherine Kolb em entrevista à Folha, por correio eletrônico, ''debruçou-se sobre a correspondência de Proust por 50 anos. Ele usava os jornais franceses, almanaques e livros de referências de todos os tipos. Para conseguir datar cartas que não traziam qualquer referência ao período em que foram enviadas, ele analisava --por vezes quimicamente-- o papel em que foram escritas''.

O primeiro resultado de seu trabalho foi a publicação, em 1949, de ''La Correspondance de Marcel Proust - Cronologie et Commentaire''. Apesar de ser editado pela Illinois, o volume se dirigia aos franceses. Nos Estados Unidos, à época, Proust despertava ainda um interesse relativo.

Dois anos depois, o livro ganhou um prêmio da Academia Francesa, e, de madame Mante-Proust, uma total admiração. A seu pedido (e da Editora Plon), Kolb organizou toda a correspondência de Proust, editada em 21 volumes.

''Para conseguir as cartas, Kolb fez acordos com todo tipo de pessoas. De herdeiros a vendedores de autógrafos'', conta Caroline Szylowcz, bibliotecária-chefe do Kolb-Proust Archive.

Szylowcz fala ainda sobre um trabalho inacabado de Kolb. Pouco antes de morrer, em 7 de novembro de 1992, aos 85 anos, escrevia uma biografia de Proust, baseada nas informações encontradas em toda a correspondência.

Hoje, sua filha Katherine estuda os manuscritos deixados. Diz que não há prazo para o fim do trabalho, mas está certa de que, em consequência da obsessão de seu pai, Marcel Proust, agora, está um pouco mais próximo dos EUA.

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