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17. O Processo - Textos publicados na Folha

Desgosto deu força à obra do escritor

(publicado em 08/11/1999)

RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
da Redação

Franz Kafka nasceu em julho 1883, em Praga, então pertencente ao Império Austro-Húngaro.

Filho mais velho de uma típica família de classe média judia, teve um relacionamento tumultuado com seu pai, o comerciante autoritário Hermann Kafka, que resultou no livro "Carta ao Pai", de 1919. Nele, Kafka faz uma espécie de acerto de contas, atribuindo ao pai o seu sentimento de fracasso e frustração. "Meus escritos tratavam de você, neles eu expunha as queixas que não podia fazer no seu peito."

O pretexto que impulsionou Kafka a escrever a obra foi uma pergunta feita pouco antes por Hermann, que queria saber por que o filho dizia ter medo dele.

Aluno brilhante, estudou e viveu isolado em Praga praticamente toda a sua vida. Em 1906, se formou na Faculdade de Direito da Universidade de Praga. Começou a trabalhar na companhia de seguros Assicurazioni Generali, onde ficou de 1907 a 1908.

Depois transferiu-se para a Companhia de Seguros contra Acidentes do Trabalho.

Visto pelos chefes como funcionário exemplar, levou uma vida dupla (empregado e escritor) até que, em 1917, foi obrigado a tirar várias licenças para tentar curar uma tuberculose.

A doença causou sua aposentadoria precoce em 1922 e, dois anos mais tarde, o matou, em junho de 1924, num sanatório em Kierling, perto de Viena, um mês antes de completar 41 anos.

Amores

De personalidade complexa, Kafka teve poucos amores: Felice Bauer (de quem foi noivo duas vezes), Milena Jesenská, Julie Vohryzek e Dora Diamant. Não se casou com nenhuma.

Tímido em seus casos, era boa companhia para os amigos. Em 1920, conheceu Max Brod, confidente, amigo e, mais tarde, testamenteiro e responsável pela divulgação de suas obras.

Franz Kafka começou a escrever aos 15 anos. Quase tudo o que ele produziu nessa época, porém, queimou em 1907, quando tinha 24 anos, após entrar em crise com o próprio trabalho.

A maior parte de sua obra --contos, novelas, romances, cartas e diários, todos escritos em alemão-- foi publicada postumamente, apesar de ele ter pedido a Brod, antes de morrer, que queimasse seus escritos.

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