25. No Caminho de Swann
Leia o texto da contracapa do livro
JORGE COLI
Colunista da Folha
Há o fascínio pelo mundo, pelas mulheres e homens, pelas artes. Há o gosto pelas conversas inesperadas e vivas, como duelos emocionantes que os personagens travam.
Há um desejo constante de compreender e analisar todos os sinais do mundo, animados ou inanimados, inteligentes ou obtusos, indiferentes ou apaixonados.
Há uma intuição, assustadora e silenciosa, da maneira oculta como esses sinais se cruzam, determinando e alterando com isto, de modo imprevisto, o destino de tudo. Há a experiência do tempo, há a experiência da memória, há a experiência do cotidiano, garantias muito frágeis, mas únicas, daquilo que cada um é, ou antes, vai sendo. Há também muita ironia e muito humor em Proust, que sabe criar passagens hilariantes. Há muito sexo também, que pode atingir extremos de perversão.
No Caminho de Swann é o primeiro de sete outros livros. Eles formam a saga denominada Em Busca do Tempo Perdido. Proust fixou o tempo, que escapa, nessa obra que é ela mesma movente e fugidia. Teceu uma rede que nos apanha: corresponde aos limites da "humana condição". Mas Proust também descerra nossos olhos, fazendo-nos compreender, não sem angústia, os alcances
e as fronteiras da consciência a partir das sensações, do vivido e da experiência.
Existem os grandes autores, existem os autores que amamos. São raros, porém, aqueles de fato capazes de transformar o leitor. Não se sai incólume da leitura de Proust.
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