29. Sargento Getúlio
Contracapa
MOACYR SCLIAR
Colunista da Folha
Na lacônica introdução a Sargento Getúlio, diz João Ubaldo: "Nesta história, o Sargento Getúlio leva um preso de Paulo Afonso a Barra dos Coqueiros. É uma história de aretê". A primeira frase contrasta com a segunda.
A história não se restringe a este modesto resumo; é muito mais do que isto, como está implícito na segunda frase. "Aretê" é o termo grego para excelência, virtude. E está bem empregado, porque o que temos nesta sintética obra é uma tragédia grega transposta para o sertão nordestino.
Nascido em 1941, em Itaparica (BA), João Ubaldo passou boa parte de sua infância em Sergipe. Depois morou em vários lugares: Lisboa, Rio, Itaparica novamente, Berlim... Bacharel em direito, mestre em administração pública e ciência política, acabou por dedicar-se à literatura e ao jornalismo; é um escritor multipremiado, de vastíssimo público no país e no exterior.
Sargento Getúlio, de 1971, é inspirado num episódio real: um homem conhecido como sargento Cavalcanti, gravemente ferido a tiros num atentado em Paulo Afonso, foi resgatado pelo pai de João Ubaldo, que então chefiava a polícia de Sergipe, e trazido com vida para Aracaju.
Não podemos esquecer que estava no auge a ditadura militar, contra a qual João Ubaldo exprimia seu protesto, empregando uma inovadora forma literária.
Sargento Getúlio é um marco na trajetória deste escritor tão visceralmente brasileiro que é João Ubaldo.
E é um livro que já nasceu clássico.
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