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11. O Velho e o Mar

Leia o texto da contracapa do livro

WALTER SALLES
colunista da Folha

Poucos escritores tiveram uma influência tão marcante na literatura em língua inglesa do século 20 quanto Ernest Hemingway. Hemingway detestava tudo aquilo que era ornamentado. Sua narrativa, ao contrário, é direta e muscular. As frases são curtas, os diálogos secos. Como os neo-realistas fizeram no cinema, Hemingway extirpou da prosa literária tudo aquilo que não considerava essencial.

O Velho e o Mar narra a história de Santiago, um pescador cubano que, um pouco como o escritor que lhe deu vida, parece estar em fim de linha. Dia após dia, Santiago sai com seu barco e volta de mãos vazias. Desesperado, decide se aventurar mais longe, nas águas da corrente do Golfo. É quando um enorme marlim morde a sua isca.

Começa então uma extraordinária batalha entre o homem e o animal. Que o melhor e o mais corajoso vença, pensa o velho marinheiro. O animal reboca o barco de Santiago, tamanha sua força. Quando o marlim finalmente cede, surgem tubarões.

Luta pela sobrevivência, confronto com os limites humanos: O Velho e o Mar é, antes de mais nada, um conto moral. Os temas caros a Hemingway, as questões da honra e do embate entre o homem e a natureza, ganham aqui uma outra dimensão, mais fabular. Como em O Tesouro da Sierra Madre de John Huston - o cineasta que lhe foi talvez mais próximo na escolha temática -, os heróis de Hemingway aprenderão que a glória e a fortuna são passageiras.

Escrito de um só jato, em um único capítulo, O Velho e o Mar é o último romance feito em vida por Hemingway. O escritor (que ganhou o Prêmio Nobel em 1954) se suicidou em 1961. Deixou um legado que pode ainda ser sentido hoje na literatura norte-americana. Uma frase de Santiago volta à memória: "Um homem pode ser destruído, mas não derrotado".

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